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Coma de acordo com a sua genética

Temos visto diversas linhas da nutrição defendendo seu "peixe". Existe uma linha importante que defende o veganismo. Outra que defende a dieta paleo. Outra ainda defendendo a dieta de baixa gordura, outra defendendo baixo carboidrato. A maioria delas tem estudos e evidências anedóticas (aquelas onde a experiência é baseada em observação mas sem rigor científico). E aí, o que EU faço?


Existe uma ciência que estuda como a alimentação interage com nossa genética. E, adivinha só: ainda tem MUITA coisa sem ser descoberta! O que já se sabe:

  • Os alimentos contém nutrientes e compostos bioativos que podem modificar seu metabolismo;

  • Os alimentos podem influenciar na expressão de determinados genes, enquanto podem também inibir a expressão genética de outros;

  • "A alimentação é o principal fator ambiental na modulação da expressão gênica" - Prof. José Ordovas, Tufts University, Boston, EUA.

Ou seja: dependendo do que você come, você poderia expressar aquele gene na sua família de uma doença cardiovascular, ou poderia ter um câncer, ou uma doença autoimune, ou doenças metabólicas, como a diabetes. E, dependendo do que você come, tudo isso também pode ser revertido! As doenças podem desaparecer com uma mudança alimentar, como por milagre divino.


Que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio. - Hipócrates

Aí você pode imaginar que surgem todos os tipos de dietas milagrosas, centros de tratamento de doenças baseados em dietas e estilo de vida, jejuns, e, muitas vezes, pessoas tão apaixonadas por esse estilo de vida que a curou que parecem verdadeiras religiões. Como exemplo, assista a paixão pelo veganismo mostrada pelos produtores do documentário "What the health", disponível nessa data no Netflix.


Nutrigenômica: a alimentação interagindo com a genética




Mas, o que a nutrigenômica mostra é que ninguém é igual a ninguém quando se refere a expressão genética e qual a dieta ideal para que cada indivíduo possa ter saúde. Cada um, por ser diferente, terá uma dieta mais apropriada para sua própria expressão genética. A ciência não consegue validar as dietas personalizadas (como a do tipo sanguíneo), ou validar que determinada dieta é melhor pra saúde da população geral ou não.


O fato é que em 1953 Watson e Crick desvendaram a composição do DNA (codificação de 4 bases), e apenas em 2003 o primeiro genoma humano foi inteiramente decodificado. A interação genética com o ambiente multifatorial que envolve, estilo de vida, poluição, sol, nutrição, sono e emoções, entre outros fatores, está muito longe de ser compreendida pela ciência. Para complicar ainda mais, a ciência já mostra que o ecossistema intestinal (ou microbioma), interfere grandemente na saúde. O microbioma é muito complexo, variável e mutável. A nutrigenômica pode ajudar no futuro a explicar porque algumas pessoas comem pouco e engordam ou, do outro lado, comem muito e não engordam. Da mesma forma, a expectativa é que, em algum ponto, a ciência possa nos dar alguma luz sobre qual o tipo de alimentação pode ser melhor para cada indivíduo.



Como posso então garantir uma alimentação saudável?


Mas, enquanto isso, existem algumas coisas que já sabemos, e que pode te ajudar a saber a melhor forma de você se alimentar.


1. Alimentos in natura são sempre mais saudáveis que alimentos processados

Independente da sua dieta, busque alimentos frescos e de época, priorizando esses alimentos a alimentos processados e ultra processados. Quanto mais você se alimentar de alimentos vindos direto da feira e açougue, melhores serão suas chances de estar se alimentando de forma mais saudável para o seu corpo. Mesmo que você vá às gôndolas do supermercado onde encontra enlatados, ou à geladeira, procure alimentos que tenham menos ingredientes no seu rótulo. Quanto menos ingredientes, menos processados serão os alimentos, e maiores serão as chances de serem propícios não só pra sua saúde, mas para manter um peso desejável. Sim, comer alimentos in natura emagrece!


2. Cozinhe seus alimentos

Ao invés de pedir comida pronta, comprar comida pronta no supermercado, congelados, etc., cozinhe seu alimento em casa. Use os temperos que você gosta, sinta o cheiro encher sua casa, traga amor e afeto para a cozinha. Além de cozinhar alimentos in natura, eles ficarão mais saborosos (porque foram feitos de acordo com seu gosto) e você evitará ingerir muita química que é utilizada para realçar o gosto de alimentos ultra processados.


3. Coma o que te dá prazer

Independentemente do que a dieta diz, do que os ativistas dizem, vale muito você comer um alimento feito em casa e que te dê prazer ao comer. Muitas pessoas se forçam a comer carne porque tem essa e aquela vitamina e proteína, mas não gostam realmente de carne. Do outro lado, muitas pessoas são vegetarianas ou veganas porque leram sobre saúde e sobre meio ambiente, mas não sentem realmente prazer em comer esses alimentos, e excluir a carne de suas dietas. O prazer ao comer é tão importante quanto o que se come.


4. Confie no que seu corpo te diz

Até que a ciência evolua o suficiente para poder compreender como os genes estão relacionados à melhor alimentação para cada tipo de pessoa, o melhor que podemos fazer é confiar que nosso corpo irá nos dar dicas de quais alimentos são necessários para o meu corpo nesse momento. Uma vez que eu siga as regras acima, devo ouvir também aquela "vontade" de comer manga, arroz, abacate ou beterraba, que pode vir do nada. As grávidas se permitem sentir suas vontades, e já temos estudos provando que o corpo das grávidas pede os alimentos que elas precisam pra suprir determinado déficit nutricional pontual. O mesmo acontece com crianças, que muitas vezes comem terra ou outro não-alimento, para suprir uma deficiência nutricional (como no picacismo).


O mais importante nesse momento é fugir do terrorismo nutricional. O que foi natural para o ser humano durante toda sua evolução - comer - não pode virar alvo de preocupação e obsessão. Além de todos os problemas de saúde, estamos tratando de problemas psicológicos e psiquiátricos como os transtornos alimentares.


Bom apetite!




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