O Bullying e os Transtornos alimentares
- Carol Avileis
- 17 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de mai. de 2020
Os transtornos alimentares afetam todos os tipos de pessoas: mulheres, homens, jovens e idosos e de todas as origens raciais e étnicas. Os fatores que contribuem para o desenvolvimento de um distúrbio alimentar incluem uma variedade de fatores fisiológicos, psicológicos e sócio-culturais.

Fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares:
Ter um parente próximo com distúrbio alimentar;
Histórico de dietas restritivas;
Altos níveis de insatisfação com a imagem corporal;
Estabelecer expectativas altas e irrealistas para seu corpo (perfeccionismo);
Passar por situações de bullying devido ao sobrepeso ou estigma de peso (como discriminação ou esteriótipos devido ao peso).
Do ponto de vista do ambiente, o fator mais conhecido responsável pelo desenvolvimento de um distúrbio alimentar é a idealização cultural da magreza. As fotos na mídia valorizando a perfeição do magro estão por toda parte. Quase 40% das meninas e meninos com excesso de peso sofrem provocações por seus colegas ou membros da família. O bullying relacionado à forma corporal está associada ao ganho de peso, compulsão alimentar e medidas extremas de controle de peso.

Um grande estudo de adolescentes (14 e 15 anos) descobriu que a dieta era um importante fator que antecedia o desenvolvimento de um distúrbio alimentar. Aqueles que fizeram dieta moderada tiveram 5 vezes mais chances de desenvolver um distúrbio alimentar do que aqueles que não fizeram dieta. Uma de cada três meninas adolescentes se envolvem em comportamentos não saudáveis de controle de peso, como fazer dieta intensamente, pular refeições ou jejuar, vômito auto-induzido ou tomar pílulas ou laxantes dietéticos. Mesmo entre as meninas claramente sem excesso de peso, mais de um terço relatam fazer dieta.
Uma área recente de preocupação é a popularidade da dieta chamada clean eating - um foco em comer alimentos integrais, naturais e não processados e evitar ingredientes artificiais e alimentos processados e embalados. Embora esse tipo de alimentação possa ser geralmente saudável, um foco extremo e uma alimentação excessivamente restritiva podem ser problemáticos. Esse tipo de restrição e foco não é um distúrbio separado identificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), mas é uma condição reconhecida chamada ortorexia. Mas sobre isso trataremos em um post à parte!
Começando uma conversa com alguém que esteja passando por isso
Se você está preocupado com alguém querido, aqui estão algumas dicas para iniciar uma conversa sobre transtornos alimentares.
Expresse suas preocupações de maneira honesta, respeitosa e de maneira amorosa.
Converse com essa pessoa sobre coisas específicas que você vê ou sente.
Compartilhe memórias de momentos em que você estava preocupado com os rituais de comer ou exercitar-se.
Use declarações falando de você, como "Fico preocupado quando vejo...".
Evite declarações acusatórias, usando "você", como "Você está fora de controle!"
Evite fornecer soluções simples, como "Se você simplesmente parasse, tudo ficaria bem".
Referências
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