5 dicas para lidar com pensamentos de fome e culpa nos Transtornos Alimentares
- Carol Avileis
- 18 de jan. de 2021
- 5 min de leitura
Pode ser que você já tenha sentido culpa ao sentir fome, pode ser que tenha sentido fome e culpa juntos. Se você tem um transtorno alimentar ou mesmo uma alimentação disfuncional, eu tenho certeza que pensamentos de fome e culpa estão presentes na maior parte do seu dia. Provavelmente é a primeira coisa que você pensa quando acorda, e os últimos planos antes de dormir. O que você vai comer, o que não vai comer. Culpa por ter comido.
Isso faz parte da doença, não é você. E nesse texto, vou te ajudar a entender um pouco sobre isso.

Dica 1: Compreenda os pensamentos do Transtorno Alimentar
Compreender o que acontece no seu cérebro quando você sofre de um transtorno alimentar é muito importante para que você comece a retomar o controle sobre sua vida. Então vou explicar de uma forma bem rapidinha aqui pra você entender do que eu estou falando.
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Por uma série de motivos, você está mais propensa a ter um transtorno alimentar. Pesquisas indicam que os fatores são muitos: desde fatores genéticos, ambientais, familiares e sociais, indo até características de uma personalidade. Por exemplo, pessoas que tem uma personalidade perfeccionista, menos flexível, muitas vezes introspectiva, de autocobrança, tendem a ser pessoas mais susceptíveis a sofrer um transtorno alimentar. O fato é que você pode ser uma dessas pessoas.
Nesse caso, pesquisas também mostraram que existem áreas no seu cérebro (como o núcleo caudado e o córtex orbital) que ficam superaquecidos com os pensamentos circulares e invasores. Seu cérebro não consegue transmitir a mensagem de um centro ao outro do cérebro que está tudo bem, e você fica com a sensação horrível de que algo está muito errado. Isso é o que chamamos de pensamento obsessivo.
As pessoas que tem pensamentos obsessivos com comida, peso e imagem corporal geralmente acabam desenvolvendo transtornos alimentares, que são comportamentos compulsivos (seja de comer, seja de não comer, se pesar, se medir, contar calorias, etc.) efetuados com a intenção de se livrar dos pensamentos obsessivos (engordar, emagrecer, medo, angústia sobre calorias e sobre gordura, etc). Então você tem uma doença. Esses pensamentos de culpa com relação a ter comido ou a ter fome, ou os pensamentos de que você precisa comer de forma compulsiva para aliviar a ansiedade, nada mais são do que falhas nos seus caminhos neuronais que impedem você de olhar essas ansiedades pelo que elas realmente são. Um pensamento intrusivo.
Dica 2: Separe-se desses pensamentos
A segunda dica então é: compreenda que esses pensamentos não são você, são um bug no seu cérebro. Ele não consegue "trocar de marcha" e acaba ficando enguiçado nos pensamentos obsessivos, que não vão embora, deixando você cada vez mais ansiosa e angustiada. Separe-se desses pensamentos, ao invés de se identificar com eles. Eles são a doença falando, não refletem a realidade.
Ao olhar o pensamento como um observador externo e isento, você percebe que os pensamentos podem soar como uma criança mimada. Eles podem te trazer chantagens emocionais ("poxa, sofremos tanto hoje, acho que merecemos"), ameaças ("se a gente não comer a gente vai ter um treco"), vitimizações ("coitada da gente, olha só o que fulano falou, que desgraça") e até punições ("comeu já um monte, agora come mais, sua *&$*#").
Você começa a perceber que, ao se identificar com esses pensamentos por tanto tempo, se confundiu com repetições e birras de uma criança mimada. Só de perceber isso você já sentirá um alívio.
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Dica 3: Decida o que você quer para educar a criança
Imagine-se um pai ou uma mãe de uma criança birrenta, forte e teimosa. A criança mais teimosa que você já conheceu. Agora imagine se é possível educar essa criança sem saber o que é o certo, qual a melhor maneira de proceder? Impossível, não é mesmo?
Pois assim também funciona com nossa criança mimada. Não tem como educarmos nossa voz interior, nossa criança interior, sem saber o que devemos fazer, o que queremos fazer. Faça uma análise rápida: quero melhorar dessa doença? Quero ficar bem de saúde? Como eu deveria me comportar, se eu estivesse saudável? Talvez ler um livro sobre o assunto, ou assistir uma palestra motivacional, ou estudar sobre o corpo humano, te ajude a compreender o que você gostaria de fazer, caso não tenha mais essa doença. Lembre-se: você já se separou dos pensamentos obsessivos, e já entendeu que eles não são você. Pensamentos de culpa, medo, angústia, não fazem sentido em um cenário de uma vida saudável e em paz com a comida e com seu corpo.
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Dica 4: Cortando a "alimentação" dos pensamentos repetitivos
Provavelmente você, se tem um transtorno alimentar, gasta muito tempo do seu dia pensando nisso. E provavelmente você também acaba lendo muita coisa sobre novas dietas, novos remédios para emagrecer, mundo fitness, blogueiras fitness, novos métodos e protocolos, certo?
Pois é. Quanto mais tempo você passa "alimentando" pensamentos obsessivos, maiores são as chances deles aparecerem novamente, com maior frequência e maior intensidade. Você está incentivando pensamentos obsessivos de culpa, fome, autocobrança, etc. a aparecerem de novo! A quarta dica então mostra para você que existe uma forma de diminuir a força desses pensamentos: exclua TUDO que possa aumentar a probabilidade desses pensamentos estarem na sua mente. Pare de seguir, pare de ler, pare de olhar, pare de pesquisar. Corte da sua vida relacionamentos e amizades onde esse é o único assunto que se fala...
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Dica 5: Redirecionando seus pensamentos
É necessário que não apenas você deixe de se relacionar com toda a complexa malha de relacionamentos, influências e leituras que alimentavam seus pensamentos obsessivos. É necessário que você crie novos pensamentos, novos caminhos neurais, que te levem para outro caminho, para que aquele caminho anterior seja inativado.
E como fazer isso? O caminho mais rápido é encontrar um hobby que te traga prazer. Pode ser escrever, desenhar, pintar, bordar, fazer crochê, tricot, jogar online, caminhar com seu cachorro, bater papo com amigas divertidas (de algo totalmente fora do assunto que estamos querendo inativar e enfraquecer), visitar parques, assistir a séries, enfim... Qualquer coisa que você faça porque gosta, e não para perder peso. Investir nessa atividade irá ocupar sua mente com algo prazeroso e mais produtivo do que sentir culpa e sofrer por algo que te aprisionou e escravizou por tanto tempo.
Aos poucos, a ideia é que você vá criando uma vida toda fora do transtorno alimentar:
Investindo tempo e energia na sua profissão;
Estudando e melhorando sua capacidade intelectual;
Gerando novas amizades e novos círculos de relacionamento;
Investindo tempo e energia no seu crescimento espiritual;
Gerando novos interesses que te tragam satisfação e prazer.
Tudo isso, e outras ideias que você possa ter, irão te levar cada vez pra mais longe desses pensamentos de culpa e fome. Porque devemos ter fome quando quisermos comer, e não para nos recompensar, punir ou redirecionar a atenção da nossa vida.
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